O presidente da Fiems, Sérgio Longen, foi o moderador do painel "Apagão de Mão de Obra", que discutiu a falta de profissionais qualificados no mercado de trabalho no país. A pauta encerrou a rodada de painéis do 14º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), realizado nesta quarta-feira (27/11), em Brasília (DF).
O painel foi composto pelo diretor geral do Senai, Gustavo Leal; o presidente do Conselho Nacional do Sesi, Fausto Augusto Junior; o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; e o jornalista e economista Ricardo Amorim.
Sérgio Longen apresentou estudos que revelam a dificuldade das indústrias em contratar profissionais e as consequências negativas do apagão da mão de obra para os negócios e para a economia. Após o evento, o presidente da Fiems fez um balanço das discussões.
"Trouxemos números ao ministro e propusemos ações que podem ajudar a combater esse problema. Esperamos conquistar junto ao Ministério do Trabalho a garantia de que o trabalhador que recebe benefícios sociais não irá perder o auxílio se tiver emprego com carteira assinada. São ações que nós procuramos construir com o ministro, e esperamos que o ministério divulgue e esclareça o trabalhador sobre seus direitos", disse o presidente da Fiems.
Ao introduzir o debate, Sérgio Longen explicou que o termo “apagão de mão de obra” pode ser considerado um problema bom. “A economia, da forma que está crescendo, faz com que o Brasil tenha essa condição favorável de contratação de novos trabalhadores. Mas não quer dizer que não seja um problema. Muitos empresários têm encontrado dificuldades na manutenção e expansão dos negócios na condição atual da mão de obra", explicou.
Os especialistas concordaram e trouxeram como solução principal uma adaptação na educação e nos cursos oferecidos, com foco nas demandas do mercado de trabalho.
Para o representante do Sesi, Fausto Augusto, há um descasamento entre a necessidade de mão de obra e pessoas para trabalhar, mencionando a quantidade de pessoas que, atualmente, ou não trabalham e nem estudam – conhecidos como geração nem-nem – ou trabalham de maneira informal.
Fausto lembrou ainda que grande parte da sociedade é composta por mulheres que, além de trabalhar fora, são responsáveis pelos cuidados da casa, filhos ou idosos. “É sobre elas que também recaem os cuidados da família, por isso nós temos que elaborar uma política nacional de cuidados, por meio da criação de mais creches e escolas para educação infantil e debater cuidados com as pessoas idosas”.
“O Senai estará sempre à disposição para construir o elo entre profissionais qualificados e as empresas, em prol do desenvolvimento do Brasil”, afirmou Gustavo Leal, do Senai.
Jovem aprendiz não é só para atender cotas
O ministro do Trabalho e Emprego aproveitou a ocasião para lembrar a importância dos programas para jovens aprendizes nas empresas. “Estamos discutindo a qualidade do trabalho dos profissionais brasileiros e é sempre importante falarmos que as empresas precisam criar programas de jovem aprendiz de acordo com as próprias necessidades, para treiná-los e efetivá-los. Sem ser apenas para cumprir percentuais trabalhistas”, reforçou Marinho.
E o economista Ricardo Amorim mostrou dados e lembrou que o Brasil foi um dos países que mais derrubou a taxa de desemprego nos últimos três anos. “Uma das conquistas que tivemos nos últimos anos foi o aumento de quase 20 milhões de pessoas trabalhando formalmente entre 2021 e 2024”.
“Educação transforma o mundo, mas mais que educação, é importante ter uma educação que qualifica para o que está sendo demandado pelo mercado e isso, o Sistema S faz com excelência”, finalizou o jornalista.
Sesi e Ministério do Trabalho firmam acordo para oferecer 25 mil vagas de EJA
O painel também serviu de palco para o Sesi e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) celebrarem um acordo de cooperação de R$ 200 milhões que visa oferecer 25 mil vagas gratuitas em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A iniciativa vai beneficiar jovens de 18 a 29 anos que não concluíram o ensino fundamental anos finais ou ensino médio e promover a qualificação profissional integrada à elevação da escolaridade. O projeto, com abrangência nacional, será implementado ao longo de 25 meses, com previsão de início para dezembro e possibilidade de ser prorrogado por até 60 meses.
Os beneficiários terão acesso a uma série de recursos educacionais, incluindo material didático, ambiente virtual de aprendizagem, avaliações e kits de ferramentas ou Equipamentos de Proteção Individual, quando necessários. As aulas serão ministradas em formato híbrido, com 80% da carga horária realizada online e 20% presencial para educação básica.
Além disso, em paralelo, o Senai vai oferecer qualificação profissional e, ao concluir o curso, o estudante obterá dupla certificação.
O objetivo é garantir que os participantes não apenas completem os estudos, mas também adquiram habilidades práticas e conhecimentos que aumentem as chances de inserção no mundo do trabalho. Por meio dessa abordagem, o Sistema Indústria pretende elevar os níveis de escolaridade, criando um impacto positivo nas vidas dos inscritos e nas comunidades em que estão inseridos.
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