A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (26), o advogado Andreson de Oliveria Gonçalves, apontado como “lobista dos tribunais” e citado na investigação contra venda de sentenças por desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Groso do Sul. A prisão ocorreu na Operação Sisamnes, deflagrada para apurar venda de decisões judiciais envolvendo desembargadores do Mato Grosso e assessores de ministros do Superior Tribunal de Justiça.
Gonçalves é apontado como arquivo vivo envolvendo magistrados e autoridades sul-mato-grossense e pode detonar um escândalo ainda maior do já revelado na Operação Ultima Ratio. E a prisão foi determinada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, que avocou a investigação contra desembargadores de MS.
Conforme o portal Uol, além de Gonçalves, a Operação Sisanmes cumpre 23 mandados de busca e apreensão contra assessores dos ministros Og Fernandes e Isabel Galloti, do STJ, e ainda colocou tornozeleira em dois desembargadores do TJ do Mato Grosso, Sebastião Moraes Filho e João Ferreira Filho, que já estavam afastados do cargo.
A PF informou que apura os crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional. As investigações apontam para um suposto esquema de venda de decisões judiciais, envolvendo advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados.
De acordo com as apurações, os investigados solicitavam valores para beneficiar partes em processos judiciais, por meio de decisões favoráveis aos seus interesses.
Também são investigadas negociações relacionadas ao vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais.
Por determinação do Supremo Tribunal Federal, são cumpridos um mandado de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal, além de medidas cautelares como instalação de monitoramento eletrônico, afastamento das funções públicas de servidores e membros do Poder Judiciário, sequestro, arresto e indisponibilidade de bens e valores dos investigados.
O nome da operação faz referência a um episódio da mitologia persa, durante o reinado de Cambises II da Pérsia, que narra a história do juiz Sisamnes. Ele teria aceitado um suborno para proferir uma sentença injusta.
A prisão do “lobista dos tribunais” não é o único indicativo ruim para os envolvidos em corrupção em Mato Grosso do Sul. A decisão sinaliza que a investigação não parou nas mãos de Zanin e o ministro do STF, digamos, não está para brincar em serviço.
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